diretora de escola pública por muitos anos e tinha conexões políticas, que conseguiu me transmitir.

Minha mãe, e só então é que eu descobri essa faceta dela, era muito bem articulada, e era até bem quista pelo pessoal do partido que comandava a política da nossa cidade há alguns anos. Mas também pudera! Como eu iria conhecê-la se mesmo sendo diretora de escola, na época que estava em período escolar, não estudei na escola dela, para mim preferiram pagar uma escola particular, o que considero inclusive uma das causas de muitos dos meus problemas. Seria mais forte se tivesse desde o início conhecido a realidade das pessoas pobres... Mas não foi assim. Meus pais preferiram me proteger do que projetar para o futuro verdadeiro, aquele fora das redomas protegidas de ouro e vidro.

Excelente frase essa: Melhor projetar do que proteger.

Foi nessa época, da política, que eu desenvolvi esse meu lado intelectual. Não que isso tenha algum valor para nossa sociedade decadente, mas ainda assim, se me perguntarem quando eu me tornei o intelectual que sou hoje, certamente esse período teve alguma influência. Ah, queria eu ter nascido no fabuloso tempo dos grandes reinos, em que tais coisas eram valorizadas! Com certeza teria sido eu um cavaleiro, nobre, justo e valente, quem sabe até um templário?

Me filiei ao tal partido político, e por mais que eu quisesse me candidatar logo a prefeito, as forças internas do partido, todas corrompidas, me forçaram a me candidatar apenas a vereador, mesmo eu sabendo que isso estava muito abaixo das minhas qualidades.

Acabei aceitando, mas logo percebi que não teria muita ajuda do partido, era tudo deixado nas nossas mãos, e política precisa de muito dinheiro, de muito trabalho. Não dá para fazer sozinho, e poxa, era eu e minha mãe, não tínhamos mais o meu pai, e minha irmã e seu... Bom, aquele cara que ela chama de marido, não queriam me ajudar, só pensavam no próprio filho que tinha acabado de nascer.

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