Estrelas da Tarde



    Pág. 14 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

CAPÍTULO — 2 —

Finalmente consegui entrar para o conservatório, e estava muito feliz com isso. Depois de tantos desencontros na minha jornada, as coisas pareciam finalmente se encaminhar numa direção em que minha vida encontraria a realização plena.

Eu era o mais velho da turma e por isso mesmo, desde cedo, fui sempre procurado como uma espécie de mentor, e foi assim que acabei conhecendo a menina que, de certa maneira, daria o último e mais profundo golpe nas minhas ingenuidades amorosas.

Seu nome era Débora, e a conheci durante meu último trimestre. Ah, eu me lembro daquele dia como se fosse ontem. Tinha acabado de tomar meu café diário, na cafeteria que fica na parte inferior do conservatório, entre o rol de entrada e a livraria.

Nessa época eu tinha aprendido a me vestir mais de acordo com minha nova realidade, havia abandonado os coturnos e as bandanas, insígnias de meus tempos de rock’n Roll, e agora adotara o casaco de Caxemira como indumentária básica.

Aliás, sobre isso, preciso dizer que sempre tive um apuradíssimo senso estético. Cheguei mesmo, nos anos iniciais, a cogitar a ideia de seguir profissionalmente o mundo da moda, quer fosse como modelo ou como estilista. Certamente obteria sucesso, não tenho dúvidas, mas é que a música me havia fisgado de tal maneira que nunca pude escapar.

Então no conservatório, e até emulando os meus mais distintos professores, eu decidi que deveria ter e cultivar um bom hábito, e o café


       
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