Estrelas da Tarde



    Pág. 3 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

CAPÍTULO — 1 —

“É possível ver estrelas ao entardecer?”, perguntou-me ela, certa vez.

Não soube, na ocasião, o que responder. Até porque, quando a pergunta foi feita, talvez eu não estivesse num momento muito lá propício para pensar nesse tipo de coisa. É muito difícil, afinal, sabermos o que dizer num momento de ruptura. Em um ponto de uma relação qualquer em que sonhos, acalentados ou não pelos périplos de uma memória que se ausenta, por fim encontram um fim, que senão trágico, certamente meio repentino.

Aliás, não sei dizer até que ponto todo final é em si um tanto repentino. E por mais que inicie essa minha história pelo ponto derradeiro, pelo seu término, não imagino um leitor, daqui há alguns anos, ou mesmo daqui alguns segundos, surpreendido pela revelação do fim. Queria afinal, na verdade, relatar algo de meio, onde as coisas parecem frutíferas, e onde o encontro é sempre mais fortuito e o momento fatal em que os mistérios todos, o doce caminho de conhecer alguém que até então lhe pareceria estranho, se confluem às expectativas mais antigas.

Mas então, caríssimo leitor de futuro, o caso aqui narrado precisa começar por onde havia terminado, tal é o seu amplo grau de surrealismo, ou não... Deixaria, em verdade, para que essa afirmação de sua natureza e das possíveis origens e razões, sejam feitas não por mim, mas por vocês, que há de ler-me a mim e a meus infortúnios.

Não afirmaria, de todo caso, que se tenha tratado de alguma coisa desprovida de sentido ou de algum tipo de verdade. Tá aí um elemento segundo o qual seja bem difícil estabelecer um nexo que seja real, factível, alcançável aos olhos e a todos os... sentidos, dormentes ou não.

A verdade é algo que, e quanto mais dias venho acumulando a vida que me foi dada, considero como algo que diga mais daquele que a ela confere


       
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