valor do que um elemento constituído de pura racionalidade ou de sentido natural.

Não. Não é a verdade algum elemento natural. E por mais que queiram certos profetas mancos, não há, em toda a existência, uma árvore de verdades absolutas e que se projetem ao longo do tempo e do espaço.

Mas também nisso, caro leitor, como pode antever, tenho eu me enganado enormemente, pois eu mesmo que aqui afirmo, não tendo visitado a tudo que chamo de criação. Parto de uma verdade que para mim seja suficiente para compreender um pensamento que é a mim absoluto, porque derivado de minhas experiências e limitações, esboçam a você os meus próprios defeitos.

Eu tinha acabado de completar meus trinta e dois anos, pouco mais de um ano atrás, e apesar da minha idade, não havia ainda conseguido estabilizar minha vida, nem do ponto de vista financeiro quanto do profissional, e talvez isso te diga um pouco mais sobre mim do que eu esperaria te revelar com essas letras em si mesmas.

Mas assim o é. Na vida mesmo. Vamos nos deixando em pedaços, por cada parte por onde andamos, vamos pingando, e penso que, apesar de a nós parecer que vamos acumulando conhecimentos e experiências, acredito que na verdade não. Penso que se trate mais de uma questão de esvaziamentos contínuos; vamos perdendo e ao passo em que perdemos, acabamos por tornar o que resta a nós mais reconhecível, e assim sendo acabamos por adquirir mais conhecimento sobre aquilo que resta, por isso a sensação de aprofundamento que vem com a idade.

De toda forma, não era mais um jovem, que se imagina em tal posição, usando para tanto, marcadores temporais e logo pensa conseguir, com a força de vontade ou com os desígnios de Deus, por pura mágica, as vitórias todas que antes houvera imaginado. Não tinha mais aquele brilho nos olhos, que é capaz de misturar tão charmosamente a ingenuidade e a coragem.

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