Estrelas da Tarde



    Pág. 8 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

Ainda assim, continuei na busca pelos meus sonhos. Porque é isso que os grandes já fizeram, não desistiram, perseveraram, apesar dos grandes obstáculos que são colocados em nossas vidas.

Quando papai morreu, apesar de toda a tristeza que nos causou, as coisas pareciam que finalmente iriam tomar outro rumo. Minha irmã já estava noiva de um médico. Um cara repulsivo, meio gordinho e sempre parecia ter uma carranca de desaprovação no rosto.

Ele tinha nascido pobre e se formara com uma bolsa do governo, e por conta disso achava que tudo o que conseguia tinha muito mais valor do que de fato tinha. Ora, tendo o governo para me bancar eu também já seria a porra do Beethoven!

Mas de qualquer maneira, a metade dos bens do papai foi dividia em três partes iguais. Minha irmã nem precisava daquilo, estava formada e prestes a se casar com um cara que já estava ganhando muito dinheiro. Mas tudo bem, é assim que as coisas funcionam, não podemos reclamar, e é preciso aprender a dar a outra face.

Uma parte veio para mim, e finalmente, já na casa dos vinte e oito anos, eu tinha agora um considerável dinheiro e também dois apartamentos de aluguel. As coisas começavam a ganhar contornos de sucesso, um merecido sucesso, embora tardio.

Mas então, por qualquer motivo que fosse, do nada a banda simplesmente acabou, e é neste momento que descobrimos quem está de fato do nosso lado. Foi só eu ganhar algum dinheiro e aqueles que se diziam meus amigos, passaram a cobrar pelo tempo em que haviam me emprestado algum dinheiro, dizendo que eu precisava ao menos pagar a confecção do nosso primeiro CD.

Eu era grato por eles quando me deram a mão, na verdade o que me davam era o troco, não era tanto assim também... Se tinham cinquenta, se limitavam a me dar quinze, isso não era justo, eu lembro que sempre me perguntava afinal, que amizades eram essas?


       
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