Estrelas da Tarde



    Pág. 20 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

contando em meu desfavor, e eu não poderia querer começar um relacionamento nestes termos, por baixo.

Era uma situação complicada, que eu sabia que precisaria remediar com rapidez. Fui ágil em soltar a mão dela antes que ela pudesse perceber que eu havia ficado desconcertado com aquela informação.

— Hum, veio com o carrão do papai? — brinquei, com alguma expectativa de que ela pudesse confirmar que o carro era de fato do pai, mas também desviar a atenção dela do meu desconcerto.

— Ah, não — ela parecia responder a tudo com um sorriso na boca. Certamente para ela, tudo na vida havia sido fácil... — Meus pais são do interior. Eu vim pra estudar...

— Hum — fiz como se realmente me importasse.

— E o senhor, já está indo embora ou ainda tem mais aulas?

Eu não sabia o que responder, com efeito eu ainda tinha mais uma aula, mas não queria deixar que ela percebesse que ao invés de professor eu era apenas um aluno.

— Já estou liberado — respondi, procurando manter nos olhos uma camada meio blasé.

— Seu carro tá onde?

Eu não entendi o porquê da pergunta dela, temi que ela estivesse querendo apenas confirmar algum tipo de suspeita que já estivesse a nutrir internamente.

— No momento estou sem carro — respondi, não conseguindo disfarçar muito bem a ligeira irritação que me tomava conta do corpo.


       
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