Estrelas da Tarde



    Pág. 27 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

— Eu sei, meu filho. Mas é que enquanto isso não acontece, você pode ir ganhando um dinheirinho e também fazendo novas amizades... quem sabe até não conhece uma moça?

— Eu já conheci uma moça, mãe. É linda. E digo mais, tá? Rica.

— Que notícia boa! É da escola?

— Conservatório, mãe!

— Tá bom. Traz ela depois, a gente marca um jantar, chama sua irmã...

— Ah tá que eu vou querer apresentar ela pra Ingrid, só pra ela não parar de me humilhar e querer melar o relacionamento.

— Sua irmã não quer isso...

— Claro que quer! Sempre quis. A senhora é que não enxerga porque sempre preferiu ela. E tudo bem. Entendeu? Eu já aprendi a lidar com isso...

— Não é isso...

— É. É sim. Mas tranquilo. Ó, agora eu preciso mesmo ir embora — disse, beijando a cabeça da minha velha e cega mãe. Ela realmente achava que havia dado um tratamento isonômico para os dois filhos, quando era nítido e cristalino para qualquer um, que havia por parte dela uma predileção indisfarçada pela filha caçula. Peguei as chaves e saí.


       
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