Enquanto tentava rapidamente formular alguma desculpa ou motivo para conseguir com que ela não subisse comigo, sem a necessidade de eu retirar o convite anteriormente feito, mal percebi quando ela embicou o carro na direção da garagem que dava para o subsolo. Precisei de muita força de vontade e autocontrole para não pôr tudo a perder ali mesmo.

Não tinha a chave da garagem e mesmo se tivesse, o carro dela não estava na planilha de autorização para entrar. Eu até poderia usar isso como desculpa, no entanto, a minha mera presença no veículo, como morador do prédio, já seria suficiente para sanar essa falta.

Eu suava frio quando vi o porteiro se aproximando do carro, provavelmente para perguntar o que desejávamos ou para onde pretendíamos ir. E isso, obviamente, geraria uma série de ligações embaraçosas, para minha mãe ou para o Eustáquio.

— Ah — confesso que gaguejei um pouco, e desviando o olhar do porteiro que se aproximava, do qual não sabia o nome, aliás, sabia bem pouco sobre qualquer coisa desse apartamento da minha mãe, exceto que o porteiro se parecia com um porteiro, e disso não há como haver muitas dúvidas. — Não vamos parar dentro não... — Falei rápido com ela, enquanto abri o vidro e me dirigi diretamente ao porteiro, fingindo uma antiga convivência —, hoje não seu João — disse, não fazia ideia se esse era seu nome, mas pela cara que fez, provavelmente não fosse, mas de forma instintiva ele fez um sinal de joia com o dedo opositor.

— Por que não? — ela perguntou, e eu mais que depressa me virei para ela, sorrindo:

— Acha que já no primeiro encontro eu vou deixar você entrar assim? — Falei, e no exato momento em que disse, a vi ruborizando de orelha a orelha. Percebi o quão genial eu estava sendo, consegui manter o blefe e ao mesmo tempo dar a entender de forma direta que estávamos já, os dois, em uma delicada dança de sedução e conquista.

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