— Pra onde então? — ela perguntou, enquanto dava ré, eu mantive meu sorriso e disse, como se quisesse manter certo mistério.

— Por que a gente não para num restaurante? Ainda não almoçou, almoçou?

Ela riu, respondeu que não com cabeça.

Eu havia conseguido mais uma vez, jogara o momento decisivo para mais tarde e conseguira o tempo suficiente para levar aquela situação até um terreno que pudesse me ser mais favorável, a Arte da Guerra, não há nada que eu goste tanto, depois da música, do que as táticas militares. Nunca tive tempo para ler Sun Tzu, Maquiavel ou Von Clausewitz, mas como quase ninguém leu também, gostava de citá-los.

Isso de forma alguma era um tipo de enganação da minha parte, pois tenho certeza que, duas coisas, a primeira é que se não tivesse uma vida tão cheia de afazeres e responsabilidades, certamente haveria lido estes e outros mais livros, mas a segunda e ainda mais importante, é que com certeza, se eu os lê-se só obteria como conhecimento útil a confirmação, uma mais de tantas, da minha genialidade e genuíno senso de comando e estratégia militar, sempre fui ótimo com isso.

Mas numa tacada só, havia conseguido retirar daquilo que desde o princípio caminhava para se tornar uma derrota fragorosa, como tudo até então na minha vida, com todas as chances contra mim. Eu havia feito, conseguira, só com meu mais puro intelecto, transformar a realidade e obter de uma derrota três triunfos, minha mãe ficara feliz achando que eu estava a cuidar do patrimônio que nos restara, Débora acreditava que eu morava sozinho num apartamento do centro e agora, esta mesma Débora, de olhar verde e tímido, estava indo almoçar comigo.

Minha alegria era imensa, obviamente eu não poderia deixar que ela suspeitasse que eu estava feliz, ou mesmo que estava amontoando uma série de mal entendidos, não. Por isso mantinha o queixo bem erguido, como se toda

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