Estrelas da Tarde



    Pág. 35 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

CAPÍTULO — 4 —

— Tá tarde — eu fui acordado com ela me falando, enquanto dava duas batidinhas no meu peito. Eu estava dormindo tranquilamente. Nunca tinha me sentido tão à vontade com uma mulher como naquela vez.

Obviamente fingi que não dormia e abri os olhos tentando simular um sorriso, porque sabia que dormir após o sexo poderia dar a entender que eu não estivesse muito acostumado a esse tipo de relação, mais casual.

— É — eu disse, olhando para o relógio do celular. Eu concordei com ela, pelo simples fato de ter de concordar, era uma gentileza cavalheiresca que eu lhe fazia, mas não estava tão tarde assim, mal tinha dado nove da noite, e eu estava com fome.

Olhei fixamente para ela, querendo talvez que ela conseguisse ler na expressão de meu rosto a vontade que eu sentia de ficar mais tempo ali com ela. Ela deveria estar sentindo a mesma emoção que eu. Com certeza havia percebido a química quase mágica que tínhamos tido, tanto de corpo quanto de alma, se é que assim posso chamar.

Era como se eu já a conhecesse há muito tempo, na verdade, era como se eu sempre estivesse esperando por ela. De súbito, enquanto olhava para sua cara, exibindo certa inquietação, percebi que era isso, ela era exatamente aquilo que me faltava e percebi, como num estalo, que minha vida só não tinha entrado nos eixos ainda porque ela me faltava.

Seguramente éramos amores de vidas passadas. E eu continuava minha existência até aquele momento de forma capenga, sem nunca atingir meu potêncial máximo, não por falta de esforço, mas porque ela ainda não havia chegado em minha vida.


       
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