Abrira a possibilidade de ela se sentir confortável com a minha
presença, até para usar o banheiro, mas agora teria também de aceitar que ela
fosse tão desleixada com a limpeza e organização doméstica.
“Que tipo de mãe não prepara a própria filha para manter a casa
limpa?”, pensei, “Que tipo de homem espera atrair desse jeito?”
Obviamente, neste momento meu coração se condoeu de verdade,
pois cogitei que talvez, esses erros que eu detectava nela, tivessem se
originado em uma criação deficiente. É provável que a mãe fosse daquele jeito,
e que ela estava agora só reproduzindo um comportamento que havia
aprendido, e neste caso, senti asco por isso, porque é provável então que o pai
dela fosse um puta de um bananão.
“Coitada”, pensei, finalmente relevando. Sei bem, hoje, que eu talvez
devesse ter seguido meus primeiros instintos, e pulado fora assim que
verifiquei tantos erros nela, mas o que posso dizer, estava arrebatado de
paixão, estava completamente emocionado por tê-la encontrado e estava
plenamente seguro de que, depois que eu tivesse terminado de reconstruí-la, e
isso seria um trabalho hercúleo, um dos tantos que a vida já me há imposto, ela
se tornaria, ou poderia se tornar, a pedra fundamental de um onde eu
começaria meu sucesso merecido e tantas vezes negado.
Não que a culpasse por isso, mas também, ela chegou meio tarde em
minha vida, e nem estava pronta...
O destino, meus amigos, muitas vezes é terrivelmente negligente.
Averiguei o que poderia encontrar no armário da cozinha e encontrei
uma panela, enchi de água e catei um pacote de macarrão, sorri, porque era a
primeira vez que, tirando as comidas instantâneas, eu estava cozinhando.
Coloquei a panela sob o fogo e mergulhei o macarrão.
Não sabia quanto tempo levava para cozinhar, mas sabia que o bom
macarrão, italiano como tinha de ser, e nisso eu levava vantagem, pois era