Estrelas da Tarde



    Pág. 40 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

neto de Italianos, tanto por parte de mãe quanto por parte de pai, deveria ficar al dente, decide me colocar ao lado do fogão e esperar para poder provar. Era o meu preciosismo, parte indelével de minha personalidade, gostava de testar, de garantir e principalmente de não errar.

Esse era, de todos, sem dúvidas o meu maior defeito, era perfeccionista em tudo, chegava até a ser chato, obviamente para aqueles viralatas que só conseguem, segundo suas próprias limitações de estilo e forma, fazer tudo pelos cotovelos, “pros coco” como dizem, ah, gentinha...

Passam a vida esperando do governo algum tipo de ajuda, e quando conseguem, como o boçal do meu cunhado, ficam cheios de si, nem compreendem que continuam sendo a mesma ralé, fétida e torpe, só que com algum dinheiro ou sucesso.

Sua arrogância e destempero é tão grande que chegam mesmo a achar que se tratam de vencedores, esquecem completamente o papel que o pai governo teve neste pretenso sucesso. Eu me ria deste proletariado, não muito diferente dos proletarii latinos, quando a água finalmente abriu fervura.

Intuitivamente havia concluído que o macarrão ficasse pronto assim que a água abrisse fervura, e mergulhei o garfo, mas, alguma coisa saíra muito errado. É certo que a panela dela, ou era de qualidade inferior, ou, é o que eu mais acredito, estivesse com sujeiras tão acumuladas que atrapalharam o cozimento, virou uma pasta homogênea, que com dificuldade se desgrudava do garfo.


       
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