Estrelas da Tarde



    Pág. 41 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

CAPÍTULO — 5 —

Ela estava tão encantada por ter me encontrado em sua vida, que não me deixou ir embora do seu apartamento por todo o fim de semana. E só mesmo no domingo, pela manhã, é que eu consegui uma desculpa para poder voltar para casa:

— Então — ela e disse meio sem jeito, assim que desligara o telefone

— eu vou precisar sair, meu avô, lembra que tinha te falado do meu avô?

— Que é velhinho, né?

— Isso. Ele passou mal e minha mãe quer reunir os netos — ela dizia já empregando nos movimentos certo tom de apressamento, com certeza aquele velho era muito importante para ela. — Te levo na sua casa — ela falou, já calçando o tênis e pegando a chave do carro.

— Posso tomar um banho antes? — eu disse. Já me sentia em casa com ela. Havíamos nascido para ficar juntos e era isso que nós dois sentíamos. Se não fosse isso, ela não teria me prendido por tanto tempo assim em sua casa.

Sem esperar pela resposta, afinal, eu era o homem de sua vida, e jamais a deixaria ir numa situação dessas sozinha, pretendia acompanhá-la, ela querendo ou não. Certamente fingiria alguma resistência, já que queria me passar, a todo instante, a impressão de menina recatada, eu achava isso bonitinho, mas sempre fui um espírito livre, e se, afinal, eu havia até tolerado o fato de ela se dar para mim logo no primeiro encontro e ainda assim eu projetava para ela um futuro de mulher digna ao meu lado, não poderia a deixar só, não neste momento. Era mais um ato de abnegação que eu fazia em prol de outra pessoa.


       
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