Meu mundo caiu e quase não consegui superar a terrível dor que me afligiu o peito, feito uma seta atirada por um inimigo desleal. Quase não podia acreditar que estava sofrendo uma derrota tão fragorosa.

Todos olhavam para mim com certa inquietação, e eu segurava o choro. Estava em menor número, então, qualquer ação que pudesse conduzir a algum tipo de enfrentamento físico deveria ser posto logo de lado. Eu precisava fazer algo que não estava acostumado, admitir uma derrota.

Entretanto, calculando rápido, percebi que o melhor naquele momento seria recuar, mas tão somente um recuo estratégico, posto que, depois, quando voltássemos para o conservatório e ela estivesse sozinha, sem a influência negativa daquela família de aves de rapina, eu poderia convencê-la uma vez mais, e seguramente, quando ouvisse minhas explicações, me entenderia e voltaria a me amar como havia amado até ali.

— Tudo bem — eu disse, mantendo na face e nos modos os mesmos trejeitos de superioridade. Isso fazia também parte deste novo plano de recuo estratégico, precisava garantir a minha posição, não em relação à sua família, mas em relação a ela, que precisava continuar a me ver como um homem altivo, decidido, mas que, acima de tudo, mantém, até nas situações adversas, a mesma posição altaneira e garbosa. — Vamos então — eu concordei, mas é óbvio que ela teria de vir comigo, afinal, ela tinha me levado e eu, bem... estava desprovido de qualquer recurso.

Débora imediatamente olhou para o pai, e seus olhos assustados me diziam claramente que ela estava com bastante medo da família. Era certo o fato de que eles, vendo um novo pretendente à fortuna chegar, estavam a colocar em meu caminho tantos quantos obstáculos fossem possíveis.

— Eu te levo pra rodoviária — o pai dela falou, já caminhando na minha direção.

Eu travei firme o pé no chão e mesmo quando o homem me deu um leve empurrão na direção da porta, eu não me movi.

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