Estrelas da Tarde



    Pág. 49 - ESTRELAS DA TARDE
      Alexandre Campanha e Roberto Prado

mulher, ainda mais tão jovem, tenha esse tipo de força interior, no entanto...
Estava decepcionado.

Fomos para a rodoviária da cidade no carro do pai dela. Ele foi dirigindo, ela no banco do carona e eu atrás, me senti um tanto ridículo naquela situação. Estava mais uma vez na minha vida pagando pelos erros de outras pessoas, pela falta de noção e de senso. Ora, que elas não me reconhecessem, até vá lá, mas a Débora?

Poxa, havíamos passando tantos bons momentos juntos. Havíamos sentido nossas almas se encontrarem e nossos corpos se deliciarem. Hum... Eu havia sido mais uma vez usado, usado e descartado, como um brinquedo. No banco de trás daquele carro, me permiti por um momento sentir a dureza daquele golpe e chorei, sem fazer barulho é claro, não poderia jamais dar a eles esse gostinho.

Chorei em silêncio ao longo de todo o caminho, de vez em quando levantando os olhos para o retrovisor, na esperança de que ela estivesse a me buscar com os olhos, da mesma forma que meu peito ainda buscava por ela, e que meu espírito indômito não a queria deixar partir.

— Pronto — o pai dela disse, parando o carro em frente da pequena e suja rodoviária da cidade. Nem era um terminal de verdade, era meio que só uma parada de ônibus com uma cabina para se comprar a passagem. — Pode descer — ele completou.

— Débora — eu consegui falar, muito embora a voz me tenha saído abafada, quase como um sussurro. — Posso pelo menos tentar em explicar pra você? Vai ser rápido, eu juro.

Ela olhou para o pai, que franziu a testa e respirou fundo.

— Bem rápido — ela disse —, e na frente do carro.

— Tá bom — eu respondi. Mas não era bobo, e esperei por alguns segundos até que ela tivesse saído do carro primeiro. Meu estado de


       
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